Sinestesia



Caminho, e assim vou seguindo, por um campo aberto, grama alta, observando as ondulações que o vento causa no terreno. É como se pudesse vê-lo. Não é forte, nem enregelante. Apenas sopra de leve, como uma brisa suave, convidando a voar alto, seguindo o seu embalo. Imaginando que posso alçar voo, corro.
Deparo-me com um muro. Não um de concreto, que estragasse a cena bucólica. Mas um alto e vasto muro de árvores, uma imensidão verde. Encaro o que parece ser uma floresta muito densa. Dou o próximo passo. Rompo a barreira. Entro.
Ali dentro, o vento parece não chegar, apenas vejo as copas das árvores dançando ao seu movimento, mas eu mesmo não o sinto. Até a luz do sol se faz rara. Tudo que vejo são nesgas de luz caindo como cortinas por toda a parte, mas as sombras ainda dominam o lugar. Ouço os pássaros cantarem mais acima, no alto das árvores. Também escuto o som de um rio correndo mais adiante, ao longe. A mistura de tudo isso, o canto dos pássaros, o balanço das árvores, o som do rio, é impressionante, quase música. Quase não; é.
Embarco no ritmo e imito o movimento das folhas, faço coro com os pássaros, construindo as mais diversas harmonias, faço soar de uma flauta notas de acompanhamento para o rio, em consonância.

De repente, sou parte da mistura. E assim, nossa banda segue, tocando os sons do verde das plantas, do frescor da água, da sensação do vento e dos raios do sol.

Comentários

Postagens mais visitadas