Ainda somos humanos?

Hoje, uma questão um pouco mais filosófica que o habitual. Já aviso de pronto, por tanto, pra preparar as cabeças distraídas.

Assistia ao telejornal hoje, após o meio-dia. Chamou-me atenção a questão das cidades do estado de Alagoas que decretaram estado de calamidade pública. Não, não foi o fato de estar chovendo demais no nordeste (mesmo que seja curioso). Na verdade, foi uma questão dificilmente rearada por quem observa estas espécies de notícia.

A questão à qual me refiro ocorreu-me quando informaram dados para que fossem enviados alimentos, cobertores, toda forma de abrigos, toda forma de ajuda. Então penso, não por falta de vontade, mas por curiosidade mesmo: "O que leva pessoas, até famílias inteiras, de outras regiões, outros estados, situados bem longe do problema de Alagoas, a deixarem seus próprios problemas para resolver os daquele?"

Parece óbvio, qualquer pessoa responderia que são os sentimentos de solidariedade, humanidade, caridade e afins. Mas de onde surge tal sentimento?

Observemos o exemplo de outros seres vivos, de outros animais para ficarmos um pouco mais perto da nossa realidade. Excetuando-se fatos isolados, de cadelas alimentando filhotes de gatos, ou mesmo macacos ou lobos criando bebês humanos, fatos de raríssima ocorrência, os animais tem total tendência a agir por instinto, de acordo com sua necessidade, objetivando apenas a sua sobrevivência. Algumas espécies até atuam em conjunto, distribuindo funções conforme a capacidade de machos, fêmeas e filhotes, mas apenas porque assim se fortalecem na busca por alimentos, ou contra predadores. Mas no fim, o que está em jogo é a sobrevivência de cada um, ponto para os mais fortes. Há até mesmo exemplos de animais que necessitam de outro animal pertencente a outra espécie, gênero, classe ou família. Até de outro reino, quem sabe (não sou um especialista, afinal). Mesmo assim, por capricho da natureza, pois o mesmo que seja lindo de se observar a mãe-Terra fazendo sua prole ajudar-se mutuamente, os seres vivos não o fazem conscientemente. Fazem porque é o que se precisa para sobreviver.

Bom, temos o homem. Ser racional, capaz de plantar sua comida, de fazer ferramentas para caçar, deixar sua comida mais saborosa usando técnicas descobertas pelo uso desta racionalidade. Hoje, o homem compra sua comida no supermercado, pois outros homens têm por ofício fabricá-las, usando a fonte natrual como matéria-prima. A comida pode ser guardada, refigerada, armazenada. Muito mais fácil se tornou a sobrevivência humana. E na falta de força física contra animais maiores e fortes, o homem usa de sua racionalidade para abatê-los.

Este homem, vivendo em sociedade, abdicou de uma parcela de liberdade para criar um Estado que submetesse a todos de sua espécie, criando leis em determinados locais, conforme os costumes, a cultura da região. Dividiu-se em diferentes nações, com suas próprias características, algumas mesclando várias culturas e formando uma nova. Estas nações têm, cada uma e a seu modo, autonomia para resolver suas questões internas. Isso pode acontecer até mesmo dentro de um único país, grande o suficiente para abrigar várias formas de cultura, conforme a região e sua história. O dia-a-dia destes diferentes povos pode parecer distante da realidade uns dos outros. A sociedade dividida em muitas parcelas, sejam estas países, estados ou cidades, geralmente funcionam aparentemente apenas no seu próprio grupo, muitas vezes nem prestando atenção aos outros.

O que tem a ver, então, o problema das chuvas em Alagoas com o restante dos estados do Brasil?
Mais do que um possível problema na economia do estado de Alagoas, que pode prejudicar o funcionamento da economia do país inteiro, influenciando também nos outros estados. A problemática envolve seres humanos, única espécie capaz de ter consciência do seu estado, da sua condição no mundo. Único ser capaz de se sensibilizar verdadeiramente com o problema de seus semelhantes, justamente por saber que ali estão outras pessoas com a mesma capacidade de pensar, raciocinar, mas desesperadas pela iminência de um perigo que foge às suas forças. A espécie humana, capaz de criar veículos para saber o que se passa nas outras regiões do mundo. E também capaz de, por livre e espontânea vontade, e não pela dependência de sobreviver, praticar atos de solidariedade e caridade.

Muitas vezes não damos o devido valor a isto. Optamos por viver nossas vidas, viver pelos nossos interesses. Pela nossa sobrevivência, enfim. Não estamos negando a nossa essência, negando nossa racionalidade, jogando fora a capacidade que nos foi dada de usar da natureza para sobreviver, mas com moderação, e cuidá-la, ao mesmo tempo? Não estamos nos reduzindo a seres menos complexos, agindo em prol tão somente dos nossos interesses? Não estamos negando a nossa espécie?

Resta a dúvida: por quanto tempo ainda seremos seres humanos?

Comentários

Anônimo disse…
e.e.Muito bom o texto Gui, parabens :)
Anônimo disse…
Guiii!
hoooje lembrei do teu bloog, e entrei pra dar uma olhadiinha novamente!
Ta de parabéns viiu!
Beijoo! Jamii
Matheus Elsenbach Grassi disse…
Ao ler o título deste texto, recordei-me da música Human, da banda The Killers. Onde em seu refrão é colocado:
'Are we human? Or are we dancer?' (Somos humanos? Ou somos dançarinos?)
Não tem muito sentido no que se refere ao teu texto, mas me lembrei da música. Bem bacana o texto cara.
Anônimo disse…
O texto é péssimo, mostra a realidade de uma alta observação isso nos mostra que somos vivos e que precisamos estar medidos.
Enfim o seu texto é ruim por que na verdade atinge o seu objetivo apontar na cara do homem e dizer: "Hey, acorda você sangra, é humano e precisa usar esse seu cérebro podre para algo".
Se não entendeu leia novamente este comentário com a medida de ironia nas palavras que o ofendem.
Mass sei que pegas as gotas ainda no ar.
Arrivederci!
Thiago Buzatto disse…
Are we homan? Or are we dancer?

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