Sobre escrever e sentir

Venho aqui hoje, depois de muito tempo, embalado por The Verve. Venho simplesmente porque quis escrever quaisquer palavras. Por simples e puro amor à escrita, ou melhor, ao ato de escrever.

As palavras parecem nascer dentro do meu coração e, quando ele bate, elas percorrem minhas veias, até chegarem às pontas dos meus dedos, e serem transcritas aqui. É bonito ver no que pode se transformar o que inicialmente é apenas uma sequência de palavras, uma dando seguimento à anterior.

Gosto de escrever sem saber o final, sem planejar. Apenas deixar as palavras se esvaírem, sem destino certo, mas com a certeza de um destino. É como pegar um novelo de lã, segurar a ponta e soltar o resto. E deixar que vá se desenrolando, e se desenrolando... até que descobrimos onde ele pode parar.

E uma música triste, mas bela, começa a tocar. E por que não escrever sobre isto? Sobre o que a melodia da canção nos faz sentir. É bom fechar os olhos e deixar que a canção penetre em cada poro do corpo, até que finalmente este se incorpore àquela. É "The Drugs Don't Work" tocando. Não só no player, mas também a mim.

Como algo percebido, decodificado pelos ouvidos, pode ser sentido tão forte pelo coração? Da mesma forma, como um amontoado de letras, separadas em palavras, funcionando em torno de um motivo, podem formar imagens na nossa mente, pondo-nos a viver o que está sendo lido? Como podem frases causar emoção, raiva, ternura, tristeza? São apenas símbolos que representam sons, desenhados pela tinta na superfície papel...

As letras podem ser frias, mas o coração de quem as lê é muito quente. E de quem as escreve, também. Por isso é tão bom deixar que as palavras corram livres, de dentro para fora. De um cantinho escondido emnós, para o mundo.

Comentários

Miguel Scapin disse…
Tão bom poder escreve, ler e sentir aquilo que lemos e escrevemos. São emoções distintas, mas que estão tão próximas. Damos vida mesmo sem saber cuidar das nossas, tão frágeis.

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