Tentativa de um conto de terror...sem nome por enquanto (aceitando sugestões)

Estava frio. Um vento cálido de inverno soprava, e parecia trazer consigo horrores capazes de penetrar na pele e congelar os ossos. Soprava forte e agourento, prenunciando uma noite de horrores. E que noite escura! As trevas engoliram o brilho da lua e das estrelas, e o breu era completo. Era difícil enxergar o que havia pela frente, pois não bastasse a escuridão, também era intenso o nevoeiro que cobria tudo ao redor. A luz dos postes não existia, pois a tempestade fizera com que a energia elétrica terminasse. E o ar em volta parecia conter mais do que apenas frio, parecia haver medo nele. Vozes, fantasmas de vidas passadas. Tudo estava assustador naquela noite de inverno.

E ele estava sozinho. Estava voltando pra casa, abandonado na escuridão e no frio, no meio da rua. Vinha de um lugar que ele não lembrava. Vasculhava na sua mente e não conseguia encontrar o sentido daquilo tudo. Não sabia onde fora parar, não sabia onde estava, só que era distante de onde ele morava. Desconhecia o lugar. Morava dentro dele a estranha impressão que o motivo de estar ali e não saber o porquê era o mesmo de tudo estar tão estranho aquela noite.

E ele seguia em frente, por vezes dobrando em alguma esquina, sempre temendo alguma surpresa inconveniente, como se algo estivesse esperando por ele em cada canto, cada beco, cada buraco, cada centímetro de chão desconhecido. Esse terror tomava conta dele e ia aumentando, gradualmente, ao mesmo tempo que também crescia no seu peito a sensação de que nunca chegaria em casa. A cidade era pequena, então ele se perguntava: "como nunca passara por ali antes?" Como podia aquele lugar existir sem que ele tivesse conhecimento? Seria tudo aquilo um sonho? Ou alguma outra dimensão, para a qual teria sido transportado? Pois o chão que pisava era mesmo estranho. Não seguia o estilo de paralelepípedo usado no resto da cidade. Parecia vir de um lugar muito mais antigo. Um lugar que não pertencia ao mundo em que ele sempre vivera.

Mas ele seguia caminhando. Caminhava sempre, debaixo da chuva gélida e pesada que caía sobre seus ombros, encharcando-o quase que por completo. Parecia estar encharcado até mesmo por dentro, na sua alma. Mas caminhava sempre, como se caminhar fosse espantar os demônios que o seguiam. Como se parar fosse seu fim.

Continua...

Comentários

Jéssica disse…
Azááá Gui :D libertando esse autor de contos horripilates que há em você. Ótimo começo, espero o resto dessa história e continue escrevendo, textos cada vez mais lindos e interessantes ( nesse caso porque lindo não seria o adjetivo mais adequado. hoias)
;*

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