Calma

Estava há um certo tempo sentado à mesa do escritório, tentando localizar algo que me inquieta. Era uma vontade de alguma coisa que falta, mas não sabia o quê. Passei meus olhos por todos os livros nas estantes da casa, esperando encontrar algo para ler e não consegui. Abri várias janelas de contas em redes sociais e fui descendo a barra de rolagem, encarando sem interesse todas as postagens que se seguiam, sem que nada detivesse minha atenção. Enquanto isso, deixei tocando um álbum aleatório de um artista que fazia tempo pretendia conferir, por algum tipo de intuição de que poderia gostar, mas sem nenhuma pretensão, só para ter uma música de fundo em minha busca. Escolhi um álbum de Tim Bernardes, "Recomeçar".

Minha angústia persistia enquanto não encontrava nada que se parecesse com o que desejo ler no momento, então um som começou a soar em meus ouvidos que fez meu coração bater mais forte e minha mente acalmar. Minha cabeça naturalmente começou a balançar como fosse uma boia à deriva em um mar de ondas sonoras, indo aonde ele a levasse. Foi na faixa chamada "Calma", a três faixas do final do disco, que esse sentimento começou.

Adoro quando estou com a cabeça em outro lugar e algo inesperado, de algum lugar para onde minha consciência não está voltada, de repente me assalta e me toma por inteiro e me faz vibrar o corpo. São coisas como essas que me dão prazer e ficam comigo para sempre: coisas que me trazem sensações; que, mais do que entender racionalmente (ou até mesmo sem que eu de fato seja disso capaz), fazem-se através de uma reação de meus sentidos, como se a compreensão daquilo que a provoca tenha se dado na alma.

Depois disso, me entreguei e interrompi minha busca; nada mais me incomodou até soar a última nota do disco que ouvia.

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