Um sentido por trás de tudo

Não dá, eu simplesmente não consigo ser superficial. Porque às vezes seria de grande utilidade captar apenas aquilo que é meio que a "casca" das coisas. Às vezes é legal não se importar com o que vai além das aparências externas. Evita certas emoções em casos que não se deseja que elas aflorem. Mas isso não dá certo comigo.

Porque eu preciso ver uma profundidade, uma razão, um motivo, uma ideia, um ideal, um significado, um mundo diferente em tudo. Porque, ao meu ver músicas não são simplesmente a harmonia de notas tocando juntas em um certo compasso, elas têm de ter um motivo para terem sido escolhidas. Roupas, não, eu não admito que sejam usados apenas porque são bonitas (ou não) ou porque estão na moda. A cor, a inscrição na frente da camiseta, o tênis rasgado e sujo, ou perfeitamente limpo e branco, a calça justa ou larga, jeans ou de outra malha, clara ou escura...isso sem falar nos acessórios. Devem ser símbolos de alguma coisa, algo a ser dito, exposto à humanidade. Devem ser símbolos, enigmas a ser interpretados. E não apenas proteger do frio ou tapar as partes. Um perfume deve ser usado para algum propósito, seja forte pra te notarem, ou doce pra que se sintam confortável com tua presença. Para mim, há uma personalidade a ser justificada por trás de tudo.

Mesmo o livro que se decida por ler, ou o assunto que se prefere estudar, o estilo musical que influencia na vida. Todas as coisas, todos os atos, são itens para que se construa uma personalidade. Tudo importa, nenhum detalhe escapa. Isso porque qualquer ideia, qualquer pensamento a ser seguido, qualquer filosofia de vida, na mente vai ser associado à alguma imagem, algum som, algo perceptivo. Basta observar jovens que se vestem da mesma maneira que os seus ídolos da música e compartilham suas ideias.

Aliás, ideia é uma palavra mágica para mim, por isso a sua repetição ao longo do que escrevo. Ela evoca em mim outras palavras mágicas como idealismo, ideologia. Aquilo que temos como ideal e que buscamos como objetivo a vida inteira. Aquilo que queremos ser, como queremos que nos enxerguem. E aquilo que realmente somos, exposto ao mundo por meio de palavras e mesmo visuais. Aquilo que está lá no fundo querendo sair de alguma forma e que mostramos por meio de sinais que podem ser captados, percebidos. Por isso não consigo escolher nada sem um motivo, nada que esteja vazio de significados. Eles devem estar a mostra, mesmo que não tão abertamente, talvez querendo ser interpretados, para que sejam vistos por aqueles que realmente se importam e prestam atenção.

Comentários

Jonaldo disse…
Ser superficial é não ser sólido, é não ter fundamento. Muitos vivem superficialmente, não respeitam a si mesmos, pois quando não conhecemos os nossos sentimentos, sofremos.

Viver e não conhecer o sentido verdadeiro da vida, é o mesmo que dar apoio ao inexistente.

Viver conhecer e valorizar o sentido vital, e o mesmo que
é injetar combustível de felicidade.
Ana Claudia Braga disse…
Um simples post ou uma autobiografia?
Te vi por completo em cada palavra desse texto...
Saudades!

Postagens mais visitadas